Metade da riqueza mundial é
controlada por apenas 1% da população
Cerca de
metade da riqueza de todo o globo é propriedade de apenas 1% da população
mundial, o que corresponde a 110.000 milhões de euros, 65 vezes superior ao que
dispõe a metade mais carenciada do mundo.
O estudo intitulado “Governar para as elites
– sequestro democrático e desigualdade econômica”, é divulgado nas vésperas de
mais um Fórum Econômico Mundial de Davos, que reúne os mais poderosos e ricos
do mundo.
Com este estudo, a organização pretende alertar
para o facto dos poderes econômicos e políticos estarem a “separar cada vez
mais as pessoas”, tornando inevitáveis “as tensões sociais e o aumento do risco
de rotura social”.
A Oxfam alerta que cerca de metade da riqueza de
todo o globo é propriedade de apenas 1% da população mundial, o que corresponde
a 110 mil milhões de euros, 65 vezes superior ao que dispõe a metade mais
carenciada do mundo.
Os dados relatados pela organização são
elucidativos. No ano transato, 210 pessoas entraram no “restrito clube dos
multimilionários – que superam os mil milhões de dólares de fortuna -”,
atualmente composto por 1426 pessoas, com uma riqueza total avaliada em 5400
milhões de dólares. Por sua vez, na Europa, a fortuna das dez pessoas mais
ricas, 217 mil milhões de euros, ultrapassa o valor das medidas de estímulo à
economia aplicadas entre 2008 e 2010 (200 mil milhões de euros). Segundo a
Oxfam, estes valores dão uma “ideia da magnitude da concentração de riqueza a
nível mundial”.
A organização vai mais longe e demonstra que sete
em cada dez pessoas vivem em países onde a desigualdade econômica aumentou nos
últimos 30 anos e que o peso dos rendimentos do 1% mais rico da população nos
rendimentos totais dos seus países cresceu em pelos menos 24 dos 26 Estados
para os quais dispõe de dados. Esta tendência confirma-se também “em países
considerados mais igualitários, como a Suécia e a Noruega”.
Em Portugal, à semelhança da China e dos Estados
Unidos, o peso dos rendimentos dos mais ricos no rendimento total do país mais
que duplicou desde a década de 80, “e a situação tem vindo a piorar”, revela o
relatório.
“É provável que, na realidade, a concentração de
riqueza seja muito maior, dado que uma grande quantidade dos rendimentos dos
mais endinheirados se ocultam em paraísos fiscais”, entende a Oxfam, que estima
existirem pelos menos 18 599 milhões de dólares não registrados.
No tocante à distribuição de riqueza, a organização
humanitária foca-se em dados do Crédit Suisse que demonstram que 86% dos
recursos do mundo são controlados por apenas 10% da população, por sua vez, os
70% dos mais pobres, têm a seu dispor apenas 3% dos recursos.
Os autores chegam mesmo a classificar esta
concentração brutal de recursos como um “sequestro democrático”, que faz com
que vários governos sirvam apenas uma pequena elite através de “ “políticas
fiscais injustas e práticas corruptas, que expoliam os cidadãos”. “A magnitude
da concentração de riqueza, a monopolização de oportunidades e a desigualdade
na representação política são uma tendência grave e preocupante”, que ameaça
“perpetuar as diferenças entre ricos e pobres e torná-las irreversíveis”.
Assim, solicitam aos participantes de Davos que
tomem medidas para combater as desigualdades.
Segundo o jornal Público, entre as recomendações
aos mais ricos e poderosos do mundo figuram as de não recorrer a paraísos
fiscais, nem fugir aos impostos; não utilizar o poder econômico para obter
favores políticos; o apoio a políticas de progressividade fiscal sobre a
riqueza e os rendimentos; exigir que todas as empresas paguem salários justos
aos seus trabalhadores e que os governos canalizem a sua receita fiscal para
proporcionar cuidados de saúde, educação proteção social a todos os cidadãos.
Fonte: Portal Esquerda.net
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