Campanha alerta para ações de parlamentares ruralistas contra combate à escravidão
Campanha alerta para ações de parlamentares ruralistas
que condicionam aprovação da PEC do Trabalho Escravo a mudanças na legislação
que podem descaracterizar o que é escravidão,
Por Repórter Brasil, Comissão Pastoral da Terra e
Walk Free
Durante a Semana Nacional de Combate ao Trabalho Escravo,
que acontece de 27 de janeiro a 3 de fevereiro, a Repórter Brasil, a Comissão
Pastoral da Terra e a Walk Free, junto com diferentes organizações de todo o
país, preparam uma campanha para chamar a atenção para as tentativas de se
enfraquecer o combate a esta prática. No Congresso Nacional, parlamentares
ligados à Bancada Ruralista vêm tentando alterar a legislação para
descaracterizar o que é trabalho escravo. No final do ano passado, tais
congressistas condicionaram a aprovação no Senado Federal da Proposta de Emenda
Constitucional 57A/99, a PEC do Trabalho Escravo, à mudança na definição do
conceito do que é escravidão.
A definição atual é apontada como referência pela Organização das Nações Unidas e pela Organização Internacional do Trabalho. O conceito é defendido por ministros de tribunais superiores, juízes, procuradores, auditores, acadêmicos e representantes de movimentos sociais que atuam no combate à escravidão. Hoje, o crime de submeter pessoas à escravidão é definido pelo Artigo 149 do Código Penal, que prevê que tal exploração pode ser caracterizada pelo trabalho forçado, pela submissão sistemática a condições degradantes e jornadas exaustivas, e pela escravidão por dívida. Os ruralistas querem alterar a lei e limitar a definição de escravidão aos casos em que há ameaças e violência física direta, ignorando os casos de degradação humana, infelizmente ainda recorrentes no país.
Um passo à frente, dois atrás
A PEC do Trabalho Escravo, que tramita no Senado
como PEC 57A/99 e na Câmara dos Deputados como PEC 438, prevê a expropriação
das áreas em que for flagrado trabalho escravo e sua destinação para reforma
agrária ou uso social no caso de propriedades urbanas. Após dezenove anos de
tramitação no Congresso Nacional, a proposta está para ser aprovada.
Sem condições de resistir e adiar mais uma vez a
aprovação, a Bancada Ruralista passou a tentar alterar a definição de
escravidão prevista na legislação e seus representantes têm tomado diferentes
iniciativas. Na Câmara dos Deputados, o deputado Moreira Mendes (PSD-RO)
apresentou o Projeto de Lei 3842/2012, que restringe o
entendimento sobre o que é o trabalho escravo. No Senado, o senador Romero Jucá
(PMDB-RR), trabalha para que, no processo de regulamentação da PEC do Trabalho
Escravo o conceito atual seja alterado. Uma Comissão Mista composta por 11 deputados
e 11 senadores ficou de debater possíveis mudanças.
Desde que o Governo Federal reconheceu a existência
de trabalho escravo contemporâneo em 1995, mais de 46 mil pessoas foram
resgatadas da escravidão. Mudanças trariam insegurança jurídica para quem se
preocupou em fazer adequações para atender à legislação e colocariam em risco
as fiscalizações. Não custa lembrar que o Dia Nacional de Combate ao Trabalho
Escravo, celebrado em 28 de janeiro, é uma homenagem aos quatro funcionários do
Ministério do Trabalho e Emprego assassinados há dez anos durante uma ação de
fiscalização.
Com o reconhecimento da escravidão contemporânea o
Brasil passou a encarar de frente a questão e buscar soluções. Agora, alguns
dos parlamentares mais conservadores do país querem que o país deixe de
reconhecer casos graves de violação de direitos humanos como escravidão. É como
se negar fosse a solução para o problema.
Confira abaixo alguns dos posicionamentos de quem é
contra o combate ao trabalho escravo e confira a relação integral de quem
votou contra a PEC do Trabalho Escravo na última votação na Câmara
dos Deputados, em maio de 2012. Baixe e compartilhe as imagens, avise os amigos
e peça para que mais gente assine a lista.
Fotos: Divulgação MPT-RJ e Moreira Mariz/Agência Senado
Foto: Stefano Wrobleski/Repórter Brasil
Fonte: EcoDebate
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