Lixão clandestino, controlado por
traficantes, é fechado na Baixada Fluminense
Foto: SEA
Secretaria do Ambiente e prefeitura anunciam
medidas para combater novos vazadouros clandestinos no entorno de Gramacho.
Um vazadouro clandestino controlado por traficantes
foi fechado ontem (08/01) no bairro de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, na
Baixada Fluminense. A operação liderada pela Polícia Militar, com o apoio da
Coordenadoria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais (Cicca), da Secretaria
de Estado do Ambiente (SEA), flagrou a fuga de traficantes pela mata marginal
ao lixão, que acabaram abandonando um carro roubado no local.
Os criminosos cobravam valor muito inferior aos
aterros sanitários pela tonelada de lixo extraordinário, resíduos da área de
saúde e construção civil, além de resíduos domésticos despejados por
condomínios da região.
O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc,
acompanhou a blitz e anunciou, ao lado do prefeito de Caxias, Alexandre
Cardoso, medidas conjuntas para inibir que novos lixões clandestinos voltem a
funcionar ao redor do antigo aterro de Gramacho:
“Estamos em fase de detalhamento do Projeto do
Bairro Sustentável Jardim Gramacho e, em breve, iremos anunciar o segundo polo
de reciclagem para resíduos da construção civil, que irá empregar mais 90
catadores. Vamos instalar câmeras e guaritas para monitorar a entrada de
caminhões no bairro, além de refazer parte dos oito quilômetros de cerca
instalados para impedir que continue o aterramento de manguezais do entorno da
Baía de Guanabara.”
Motivada por reportagem publicada pelo jornal O
Dia, a ação liderada pelo 15º Batalhão da Polícia Militar teve o apoio da
Cicca, da Prefeitura de Duque de Caxias e da Delegacia de Proteção ao Meio
Ambiental (DMPA).
REMOÇÃO DO LIXÃO
Dez caminhões de coleta de lixo que operam para o
município de Caxias iniciaram então a remoção de cerca de 400 toneladas de lixo
do local, que serão totalmente enviadas para o Aterro Sanitário Bob Ambiental,
no Município de Belford Roxo, também na Baixada Fluminense.
O prefeito Alexandre Cardoso ressaltou a
dificuldade para combater o despejo irregular de lixo no local, que está
diretamente ligado à cultura de mais de três décadas de catadores que atuam em
Gramacho:
“O problema já existia há muito tempo. Com a
participação do tráfico, só dificulta mais nossa ação. O Estado tem ações
sociais para esses catadores, mas é complicado atrair para capacitação
profissional um catador que tem renda mensal de R$ 1.500. Temos um projeto de
urbanização para Jardim Gramacho pronto e já instalamos na prefeitura uma sede
de monitoramento das câmeras que virão a fiscalizar a circulação de caminhões
do bairro.”
O coordenador da Cicca, coronel José Maurício
Padrone, disse que será aberto um inquérito pela DPMA para investigar as
empresas que estão despejando irregularmente seus resíduos em área de proteção
ambiental; crime ambiental passivo de multa de até R$ 1 milhão.
“Como forma de garantir sua fonte de renda com o
término do lixão, esses catadores passaram a conviver nesse vazadouro clandestino
com traficantes que cobravam das empresas uma taxa bem inferior à estipulada em
aterros sanitários. E todo resíduo não reciclável acabava aterrando mais uma
parte do manguezal do entorno da baía. Com auxílio de uma retroescavadeira,
vamos colocar trilhos de trem para impedir a volta desta atividade ilegal”,
explicou Padrone.
O secretário Carlos Minc informou que já foram
mapeados outros cinco vazadouros clandestinos, e que as ações conjuntas irão
continuar até acabar esse passivo ambiental que danifica os manguezais e
contamina os lençóis freáticos com chorume, nos mesmos moldes do que ocorreu
com os lixões remediados do entorno da Baía de Guanabara.
Segundo o Instituto Estadual do Ambiente (Inea),
a previsão é de que até junho de 2014 seja concluído o projeto que torna Jardim
Gramacho um bairro sustentável, em benefício de seus 22 mil moradores.
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