Dilma e Lula são vaiados durante prêmio de
Direitos Humanos
BRASÍLIA - Para uma plateia dividida entre aplausos
e vaias, a presidente Dilma Rousseff lembrou nesta quinta-feira que foi
torturada e que só quem já passou por isso sabe o desrespeito à humanidade que
esse tipo de violência significa. Em seu discurso durante a entrega do Prêmio
Direitos Humanos 2013, Dilma comemorou a regulamentação da lei que cria o Sistema
Nacional de Prevenção e Combate à Tortura. Em palestra após a entrega dos
prêmios, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da silva também foi vaiado,
principalmente por representantes de entidades de defesa dos índios e por
indígenas.
- Eu, que experimentei a tortura, sei o que ela
representa de desrespeito à mais elementar condição de humanidade de uma
pessoa. Estamos determinados a mudar esse quadro - disse a presidente no palco
do Fórum Mundial de Direitos Humanos.
Enquanto alguns aplaudiam e até gritavam o nome de
Dilma, um grupo de manifestantes veementes vaiavam a presidente durante sua
fala. Alheia à crítica de alguns da plateia, ela fez um balanço das principais
ações de seu governo na área de direitos humanos. Dilma citou o programa Brasil
sem Miséria, no qual o plano de distribuição de renda Bolsa Família está
incluído; o Viver sem Limites, que prevê ações para melhorar a vida dos
deficientes, e o Mais Médicos, que tem trazido médicos estrangeiros para
ampliar a cobertura do serviço de saúde para locais mais distantes e carentes
do Brasil.
Segundo a presidente, a defesa dos direitos humanos
é uma diretriz que seu governo tem perseguido “com entusiasmo”.
Dilma também mencionou a morte do ex-presidente
sul-africano Nelson Mandela, pontuando que ele foi um exemplo da capacidade de
um líder construir uma sociedade livre, um país livre de preconceito e
opressão.
O prêmio Direito Humanos 2013 foi entregue a 25
personalidades que se destacaram na luta pela causa. Os prêmios foram entregues
por Dilma e pelos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça); Maria Do Rosário
(Secretaria de Direitos Humanos); Eleonora Menicucci (Secretaria Especial de
Politicas para as Mulheres); Luiz Alberto Figueiredo (Relações Exteriores);
Luiza Bairros (Secretaria de Igualdade Racial); e José Elito (Gabinete de
Segurança Institucional).
O ex-presidente Lula também teve de enfrentar as
vaias que se misturavam aos aplausos no Fórum. Lula fez uma defesa veemente do
governo Dilma e de seu próprio governo, afirmando que é preciso reconhecer que
muita coisa foi feita, embora ainda haja muito por fazer. Logo de inicio, o
ex-presidente declarou que não tinha medo de protestos.
- Se tem uma coisa que não me assusta é protesto.
Eu nasci assim. Mas nós, governantes, precisamos ter consciência de que a
democracia exige muito de nós.
Lula fez uma defesa da democracia e disse que
graças a esse sistema de governo um metalúrgico foi eleitos presidente do
Brasil, um índio chegou a presidente da Bolívia, um negro preside os Estados
Unidos e uma ex-guerrilheira torturada é presidente do Brasil.
Enquanto discursava, alguns manifestantes de grupos
indígenas gritavam sem parar “ladrão”, “traidor”, e “a culpa é sua”. De acordo
com Paulo Apurinã, o governo do PT não está dando atenção aos problemas
indígenas. Segundo Apurinã, havia um acordo para que Dilma reconhecesse, hoje,
o genocídio dos índios, que ela não cumpriu, o que azedou o clima.
- O governo do PT mata mais índio que o governo das
ditaduras militares. A Polícia Federal virou uma polícia política.
Juliana Graciolli, advogada que disse representar
grupos indígenas e de quilombolas, disse que os povos indígenas estão morrendo
por falta de demarcação das terras:
- Lula traiu os índios porque colocou a Dilma e ela
não faz nada. Dilma só promete e não cumpre e apoia a bancada ruralista – disse
Juliana.
Lula, porém, saiu em defesa de Dilma.
- Faltam fazer muitas coisas, mas eu sei que a
Dilma vai fazer. Se ela não fizer tudo, vamos fazer mais para frente – disse.
Procurando demonstrar empatia com as causas das
reivindicações, Lula apelou para o tempo em que passou necessidades.
- Querem me perguntar como é alguém sem comer?
Perguntem pra mim. Querem falar como é beber água não potável? Falem comigo. É
por isso que resolvemos priorizar os pobres no país. Nós vamos fazer muito
mais. Quem quiser torcer contra, que torça. Eu conheço a Dilma há dez anos. A
mulher que passou pelo o que ela passou, e faz o que ela faz, com o bom senso
que ela tem, podem ficar certos que esse país tem de ter orgulho da presidente
que elegeu - disse.
Fonte: O GLOBO PAÍS
Fonte: O GLOBO PAÍS
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