Um corredor de vida para a Mata Atlântica e o Rio Paraíba.
Há 10 anos, Corredor Ecológico
promove ações voltadas ao desenvolvimento sustentável, social e
econômico da região do Vale do Rio Paraíba do Sul; foco é o
engajamento da sociedade no reflorestamento da mata nativa.
Já pensou em quantas ações cabem
dentro do verbo reflorestar? Antes mesmo de plantar a primeira muda,
é necessário refletir sobre o tipo de relação que queremos ter
com as florestas. Afinal, fazemos parte do mesmo bioma.
Pois foi este caminho, de reflexão
sobre a floresta, o escolhido pelo Corredor Ecológico Ecológico
Vale do Paraíba, organização da sociedade civil que completa 10
anos de atividades em 2019.
O projeto nasceu com o objetivo de
criar – como o nome já sugere – um corredor ecológico para
interligar diferentes fragmentos de Mata Atlântica na região do
Vale do Rio Paraíba do Sul, conectando 150 mil hectares de floresta.
Para tanto, foi desenvolvida uma
metodologia chamada “Linhas de Conectividade”, em parceria com
a Empresa Júnior da Faculdade de Engenharia da Unesp Guaratinguetá,
para investir de forma estratégica em linhas de conectividade,
criando um corredor de 6.000 hectares de área reflorestada.
As linhas de conectividade são como
fios condutores, que unem os fragmentos da mata nativa na região.
Desta forma, o que se pretende é interligar o que antes estava
isolado, permitindo o fluxo biológico de animais e sementes, além
de conciliar conservação da biodiversidade, proteção dos recursos
hídricos e desenvolvimento ambiental e socioeconômico da região.
Diálogo com o produtor
rural
Só um bom projeto, no entanto, é
insuficiente para garantir o sucesso das ações. A equipe acredita
que é fundamental promover o protagonismo dos produtores rurais nos
contatos com o Corredor Ecológico.
De acordo com o presidente do
Conselho Deliberativo do Corredor, Sergio Esteves, o reflorestamento
é um processo que se constrói em conjunto com o homem do campo.
“É fundamental que a sociedade
esteja integrada às decisões envolvendo restaurações ambientais,
arranjo produtivo e organizações econômicas locais. Não posso
querer que as pessoas vivam uma realidade que o projeto pensou para
elas, como um mecanismo da sociedade civil; devemos estar a serviço
da comunidade”, diz.
Esse diálogo é determinante nas
ações de reflorestamento e educação ambiental. O método assegura
que as demandas da população local sejam supridas – sempre, é
claro, considerando práticas sustentáveis.
Mais florestas, mais água
Restaurar paisagens e florestas é
fundamental para conservar os solos e promover a segurança hídrica.
O reflorestamento ajuda a proteger as áreas de mananciais e
nascentes dos rios e é um aliado contra a crise hídrica – que, de
acordo com o Fórum Econômico Mundial, está no topo da lista de
impactos mais temidos em escala global.
Com 39 cidades, a região do Vale do
Rio Paraíba do Sul carrega a nascente do rio – que percorre
aproximadamente 180 cidades. A bacia abastece cerca de 15 milhões de
pessoas de três estados diferentes: São Paulo, Rio de Janeiro e
Minas Gerais. No estado fluminense, suas águas são responsáveis
por 90% do abastecimento da região metropolitana da capital.
O Corredor Ecológico incentiva
proprietários de terra a preservar e recuperar nascentes, garantindo
que os mananciais que nascem no Vale do Paraíba continuem oferecendo
água em abundância e qualidade.
Mais informações sobre o
Corredor Ecológico:
A atuação do Corredor Ecológico,
nos três eixos da sustentabilidade.
Social:
O processo de restauração
florestal começa com o protagonismo local, a partir da mobilização
da comunidade. O reflorestamento inicia com ações de educação
ambiental, seja com o público diretamente envolvido, seja com a
população dos arredores.
Ambiental:
O Corredor Ecológico desenvolve e
aplica metodologias específicas, conforme a necessidade: conexão
dos fragmentos isolados da Mata Atlântica; restauração
convencional; agroflorestas. O foco é sempre na ampliação da
oferta de serviços ecossistêmicos relacionados à água e à
biodiversidade.
Econômico:
A colaboração do Corredor
Ecológico tem um olhar especial para o futuro, associando a
iniciativa ambiental ao desenvolvimento econômico. Estudam-se
manejos inteligente para a propriedade rural, auxiliando o
proprietário na geração de renda, sempre com respeito à cultura
da região.
Números
O Corredor Ecológico já promoveu a
recuperação de 430 hectares (o equivalente a 430 campos de
futebol), com 717 mil árvores plantadas.
Mais de 90 propriedades privadas
participaram desse processo, mobilizando 7.000 pessoas, entre
produtores, agentes públicos, escolas e comunidade.
As toneladas de carbono sequestradas
pelo Corredor Ecológico, ao longo desses 10 anos, correspondem às
emissões geradas por 1.622 voltas ao mundo de caminhão ou 73 mil
viagens, considerando ida e volta, de São Paulo ao Rio de Janeiro.
Os ODS da ONU
O trabalho do Corredor Ecológico
também está baseado na Agenda 2030 para o Desenvolvimento
Sustentável, que contém o conjunto de 17 Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) – uma lista de tarefas para
todas as pessoas com o objetivo de colocar o mundo em um caminho
sustentável.
Responsável pela área de
articulação e mobilização do Corredor Ecológico, Tatiana Motta
afirma que a vocação do Corredor Ecológico ao diálogo com
diferentes setores da comunidade, a fim de trocar experiências para
promover ações sustentáveis, está intimamente ligada aos ODS.
“Preservamos essa característica
em todos os lugares onde atuamos. Na prática do reflorestamento, não
há uma fórmula pronta para que as coisas aconteçam. É nessa troca
de experiências que conseguimos um trabalho mais efetivo”, afirma
Tatiana. “Inclusive, um dos ODS que trabalhamos nesta ação é o
de fortalecer parcerias para buscar o desenvolvimento sustentável”,
completa.
Os outros ODS ligados à atividade
são: saúde e bem-estar; educação de qualidade; água potável e
saneamento; ação contra a mudança global do clima; reflorestamento
e uso sustentável dos ecossistemas.
Fonte: ENVOLVERDE
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