domingo, 29 de setembro de 2013

O impacto do carro, pago por toda a sociedade e o modelo crescimentista ancorado no automóvel
O carro como expressão de poder, prazer, liberdade, singularidade e individualidade faz com que todos queiram o seu. O drama, porém, é que estamos nos dando conta de que se todos quiserem ter o seu carro, as cidades irão colapsar. O fantástico e maravilhoso mundo prometido pelo carro tem um outro lado menos edificante. O carro provoca o caos, confusão, barulho, estresse, poluição, perdas econômicas e, o pior, mata. E mata muito. As estatísticas dão conta que mata em média mais de 50 mil pessoas por ano.

O jornalista e ambientalista André Trigueiro complexifica o debate. Em entrevista exclusiva ao IHU, afirma que “a multiplicação de carros é uma bomba relógio”.

Diz ele: “É duro ter que dizer isso. Preciso ter cuidado ao explicar isso para não ter uma visão elitista, mas o fato é que não é possível todo o brasileiro ter carro, como não é possível todo o indiano, todo o chinês ter carro. Simplesmente não dá, não é uma questão de justiça, é uma questão física. Segundo o IBGE, 83% dos brasileiros vivem em cidades. Se todos esses tiverem um carro, a vida se tornaria absolutamente insustentável, intolerável”.

Um dos estudos recentes do professor André Franco Montoro Filho da USP, citado por Washington Novaes afirma “que o valor monetário de 12,5% da jornada de trabalho perdidos com uma hora nos congestionamentos de trânsito (além de uma hora, que seria ‘normal’) chega a R$ 62,5 bilhões anuais. E cada trabalhador, assim como cada condutor de veículos particulares, pagaria por esse ‘pedágio invisível’ R$ 20 por dia)”.

E a questão não é só de mobilidade ou econômica, pode ser de saúde também, destaca Washington Novaes, citando Estudo de cardiologistas do Hospital do Coração de São Paulo que alertam que “a tensão gerada por fatores do cotidiano como trânsito, violência e excesso de trabalho” – todos relacionados com a mobilidade – “causa aumento da pressão arterial e a liberação de hormônios que podem comprometer seriamente a saúde cardíaca”.

O carro é ainda responsável por outra lógica irracional. Quem chama a atenção é Oded Grajew, um dos idealizadores do Fórum Social Mundial. Segundo ele, “quarenta por cento da área central das grandes cidades brasileiras é ocupada pela malha viária. Os automóveis privados, apesar de transportarem cerca de 20% dos passageiros, ocupam 60% das vias públicas, e os ônibus, que transportam 70% dos passageiros, ocupam 25% do espaço”, destaca.

O tempo perdido dentro do carro ou em transportes públicos superlotados e insuficientes, muitas vezes significa quase todo o tempo livre das pessoas, destaca Helio Mattar do Instituto Akatu,. Soma-se a isso, diz ele, “a má qualidade do ar e o grande número de acidentes de trânsito, que retiram energia das pessoas e conduzem a um stress crescente”.

Não surpreende, assim, que a questão da mobilidade tenha ocupado a segunda posição no total de reivindicações nas 35 audiências públicas para discussão do plano de metas da atual administração da cidade de São Paulo, comenta Washington Novaes.

É essa irracionalidade que aos poucos está fazendo com que as pessoas comecem a mudar a sua visão do carro como meio privilegiado de mobilidade – o paulistano gasta hoje, em média, diariamente duas horas e quinze minutos no trânsito e 69% avaliam o trânsito da cidade ruim ou péssimo. Por isso, faixas exclusivas de ônibus já têm o apoio de 93% da população paulistana.

O número de paulistanos dispostos a não usar o carro, caso haja uma boa alternativa de transporte público, aumentou de 44%, em 2012, para 61% este ano, de acordo com a sétima pesquisa sobre Mobilidade Urbana Rede Nossa São Paulo.

Uma boa notícia é a de que a geração Y – como são chamados os jovens de 18 a 34 anos – é menos dependente de carro. Dados de uma pesquisa divulgada no início de 2013 pela empresa norte-americana de compartilhamento de carros Zipcar revelam que o perfil das novas gerações quando se trata de uso e preferência pelo carro como meio de transporte é bastante diferente das anteriores.

A pesquisa indica que “quando o assunto era a preocupação ambiental como motivo para a escolha de meios alternativos ao carro, a taxa se manteve alta, em 43%. O alto custo relacionado à posse de um automóvel também foi bastante lembrado pela maioria dos integrantes do grupo. Chama a atenção a predisposição dos jovens, em torno de 57%, em deixar de usar o carro caso houvesse outras opções de transporte disponíveis em suas proximidades”.

Por outro lado, Relatório da Agência Internacional de Energia aponta que priorizar ônibus, trens e bicicletas em vez de automóveis resultaria em ganhos econômicos e em benefícios para a sociedade, o meio ambiente e o clima.

Modelo crescimentista ancorado no automóvel

A tragédia da ‘civilização do automóvel’ tem como um dos responsáveis as políticas do Estado que sempre foram generosas com a indústria automotiva. No caso brasileiro, o modelo de desenvolvimento ancorou nas montadoras a sua base crescimentista. Desde Juscelino Kubistchek, a indústria automotiva recebe incentivos, subsídios e isenções.

No primeiro sinal de crise, o governo reduz o IPI para carros. A redução do IPI deve-se também ao poderoso lobby das montadoras. O problema aqui, diz André Trigueiro, é que “a redução do IPI para carros não pode ser usado como um medicamento de uso contínuo. Com as vias progressivamente congestionadas, o corpo está à beira de um colapso. Está mais do que na hora dos economistas refazerem as contas enquanto o paciente respira”.

Segundo ele, “por nosso país circulam oficialmente (dados consolidados de fevereiro/2013) mais de 43 milhões de automóveis (43.085.340), sendo que a maioria absoluta desses carros se concentra nas regiões metropolitanas. A situação é mais preocupante nas três principais capitais da região Sudeste, a mais rica e densamente povoada do país. São Paulo (4.858.630 de automóveis), Rio de Janeiro (1.764.089) e Belo Horizonte (1.059.307) ostentam números que devem soar como música para os economistas de plantão em Brasília, mas que representam um gigantesco obstáculo para a mobilidade urbana e para a qualidade de vida não apenas dessas, mas das principais cidades brasileiras”.

De acordo com o Relatório Metrópoles em números: crescimento da frota de automóveis e motocicletas nas metrópoles brasileiras 2001/2011, do Observatório das Metrópoles, o número de automóveis em todas as 12 metrópoles do país dobrou de tamanho neste período (aumentou de 11,5 milhões para 20,5 milhões). Já as motocicletas passaram de 4,5 milhões para 18,3 milhões em apenas dez anos.

Essa política de privilegiar o carro e não o transporte coletivo teve recentemente um exemplo emblemático. Segundo Sérgio Leitão, diretor de políticas públicas do Greenpeace e Bárbara Rubim, coordenadora da campanha de clima e energia, “a Cide – Combustíveis, em junho de 2012, foi zerada”. Isso significa, dizem eles, que “em outras palavras, para evitar o aumento do preço da gasolina, beneficiando usuários de transporte individual, o governo abriu mão de cerca de R$ 20 bilhões que poderiam ser destinados à infraestrutura de transporte – quantia equivalente a um terço do valor disponibilizado à mobilidade urbana por meio dos projetos da Copa e do PAC Grandes e Médias Cidades”.

Destacam ainda que, no entanto, a Cide não é a única forma de se financiar melhorias no transporte coletivo: “Existem outros benefícios concedidos ao usuário do transporte individual (como IPI reduzido e estacionamento gratuito ou quase gratuito nas vias da cidade) que precisam ser revistos e direcionados aos outros meios de deslocamento” e concluem, “essa política, alimentada por constantes subsídios e incentivos fiscais, levou ao modelo de cidade que temos hoje, composta por um sistema de transporte público sucateado, congestionamentos crescentes e a marginalização de uma parcela cada vez maior da população, que, excluída do transporte coletivo – seja pela alta tarifa ou pela extensão insuficiente do sistema -, não consegue ter acesso à cidade e aos serviços essenciais que ela guarda”.
Resultado dessa opção: as cidades estão parando.

A análise da Conjuntura da Semana é uma (re)leitura das Notícias do Dia publicadas diariamente no sítio do IHU. A análise é elaborada, em fina sintonia com o Instituto Humanitas Unisinos – IHU, pelos colegas do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores – CEPAT, parceiro estratégico do IHU, com sede em Curitiba-PR, e por Cesar Sanson, professor na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, parceiro do IHU na elaboração das Notícias do Dia.

(Ecodebate, 23/09/2013) publicado pela IHU On-line, parceira estratégica do EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

Fonte: EcoDebate

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

As armadilhas do desenvolvimento sustentável. Entrevista Elder Andrade de Paula
“O cenário atual da Amazônia hoje é muito mais grave do que foi no período do estado desenvolvimentista comandado pela ditadura militar. À época, as formas destrutivas eram visíveis; agora, boa parte das formas destrutivas é invisível”, constata o agrônomo.
A expansão da pecuária e a exploração madeireira na Amazônia ultrapassaram os efeitos tradicionais de expulsão das populações camponesas e extermínio dos povos indígenas. Hoje, está em curso um “tipo de destruição” que não é muito “visível”, diz Elder Andrade de Paula à IHU On-Line, em entrevista concedida por telefone. “Estou me referindo ao modo como a pecuária tem deixado de ser uma atividade somente ligada a grandes, médias e pequenas propriedades, e tem se disseminado na pequena propriedade de produção camponesa e também entrado nas Unidades de Conservação”, menciona.

Andrade de Paula se refere a medidas ambientais implementadas nos últimos dez anos, as quais são revestidas com o discurso da sustentabilidade, mas fizeram triplicar a exploração madeireira e a expansão pecuária no Acre. “Trata-se de uma política de dar com uma mão e tirar com a outra, porque ao mesmo tempo em que se anunciou uma expansão do controle da propriedade da terra sobre controle público, para ser concedida como forma de uso para seus ocupantes, apareceu um conjunto de políticas que fizeram com que esse público fosse apropriado para fins privados. O exemplo mais emblemático disso foi a mal denominada lei de Florestas Públicas, Lei 11.284, aprovada em 2006”, esclarece. Segundo ele, “essa lei colocou, sob o domínio efetivo das grandes corporações vinculadas à exploração e comércio mundial de madeira, a exploração de um potencial de 50 milhões de hectares na Amazônia”.

Autor do livro (Des )envolvimento insustentável na Amazônia Ocidental, produzido a partir da sua tese de doutorado, Elder enfatiza que ao longo da última década também foram criadas “políticas estratégicas de exploração de madeira acobertadas por nomes bastante simpáticos, como Planos de Manejo Florestal Sustentável de Base Comunitária”.

Segundo ele, “o Manejo Comunitário é muito enganoso, porque não há nada de comunitário. As comunidades só veem as madeiras mais valiosas saírem de suas áreas, sem terem qualquer participação nisso, porque o processo de exploração da madeira é mecanizado. As empresas compram a madeira e atuam com outras que são subsidiárias para fazer o corte e o transporte”.

Elder Andrade de Paula é licenciado em Ciências Agrícolas pela UFRJ, especialista em Ciências Sociais com enfoque na Amazônia pela Universidade Federal do Acre – UFAC, mestre e doutor em Desenvolvimento Agrícola e Sociedade. Atualmente é docente dos programas de Mestrado em Desenvolvimento Regional e de Ecologia e Manejo de Recursos Naturais, da Universidade Federal do Acre – UFAC.

Confira a entrevista.
IHU On-Line – Qual é o atual quadro da expansão da pecuária e da exploração madeireira no Acre? Por quais razões essas atividades triplicaram na última década?
Elder Andrade de Paula – Já havia sido apontada uma tendência, numa pesquisa que realizei em 2002, de que, ao contrário do que se afirma no Brasil e no exterior, na Amazônia havia possibilidades animadoras para redirecionar o processo de desenvolvimento no sentido de torná-lo menos predatório e mais justo social e ambientalmente. O que percebemos na última década foi o contrário, ou seja, a reiteração de um processo destrutivo de expansão do capital na Amazônia, encoberto pela propaganda que se converteu em ideologia do desenvolvimento sustentável.

Quando analisamos o estado do Acre, considerado o mais avançado na adoção dessas políticas e estratégias orientadas segundo o chamado desenvolvimento sustentável, tal como preconizado pelo Banco Mundial, vemos a expansão das atividades mais destrutivas da Amazônia: a pecuária extensiva de corte e a exploração florestal madeireira. Na última década, houve uma expansão monumental dessas duas atividades. A pecuária, que em 1998 tinha um rebanho de aproximadamente 800 mil cabeças de gado, hoje está perto de três milhões de cabeças. A exploração madeireira, que em 1998 estava em torno de 300 mil metros cúbicos, hoje se aproxima de um milhão de metros cúbicos. Eu me refiro à data de 1998, porque foi em 1999 que teve início o governo identificado com o propósito de implantar o dito desenvolvimento sustentável.

IHU On-Line – Quais são os efeitos diretos da expansão da pecuária e da exploração madeireira na região?
Elder Andrade de Paula – Sempre se associou à expansão da pecuária a desapropriação de territórios, com a expulsão de populações camponesas para as cidades e o extermínio de povos indígenas. Esses são os efeitos tradicionais da expansão da pecuária. Porém, hoje, essa expansão tem gerado outro tipo de destruição, que não é muito visível. Estou me referindo ao modo como a pecuária tem deixado de ser uma atividade somente ligada a grandes, médias e pequenas propriedades e tem se disseminado na pequena propriedade de produção camponesa e também entrado nas Unidades de Conservação. Houve denúncias, há dois ou três anos, da expansão da pecuária nas reservas extrativistas Chico Mendes, porque as populações que moram ali acabam sendo forçadas ou incentivadas a ampliarem suas áreas de campo para dedicarem-se a essas atividades, uma vez que a atividade extrativista vai sendo estrangulada porque não tem incentivo para a produção de castanha ou para outras atividades ligadas à existência dessas comunidades e povos. O mais incrível é que, quando as comunidades fazem isso, são criminalizadas. Havia uma forte propensão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade — ICMBio de expulsar das reservas extrativistas aquelas famílias que estavam fazendo o uso de áreas para a expansão da pecuária.

A pecuária avança, degrada a floresta, e posteriormente há algumas iniciativas governamentais ditas para recuperar a área degradada. Ocorre que essa recuperação se dá com a plantação de monocultivos. No plano de governo do Acre está anunciada claramente a intenção de reflorestar 40 mil hectares de área degradada com a cultura do dendê e com outras formas de cultivo para a produção de energia. A cana-de-açúcar já expandiu de forma razoável no Eixo da BR-317. Então, a pecuária foi incentivada com financiamentos para destruir, e agora a área destruída será recuperada por grandes empresas, as quais receberão financiamento para isso. Assim, elas ganham de outro lado. E não se trata de recuperar a área, mas de intensificar a destruição com o monocultivo.

As consequências sociais são dramáticas em um estado que não tem indústrias, a população é expulsa do campo, vai para a cidade, onde não tem ocupação e emprego, e acaba trabalhando em subempregos e ficando refém dos programas assistencialistas e clientelistas que dominam o poder político regional e oligárquico. Os dados do IBGE são assustadores, porque demonstram que metade da população do Acre vive de programas sociais, a renda é muito concentrada, a propriedade da terra é concentrada: 540 propriedades detêm 78% da terra de domínio privado.

IHU On-Line – Quais foram as políticas implantadas na última década e que geraram esse cenário, a exemplo da criação de Unidades de Conservação, de Reservas Extrativistas?

Elder Andrade de Paula – Trata-se de uma política de dar com uma mão e tirar com a outra, porque ao mesmo tempo em que se anunciou uma expansão do controle da propriedade da terra sobre controle público, para ser concedida como forma de uso para seus ocupantes, apareceu um conjunto de políticas que fizeram com que esse público fosse apropriado para fins privados. O exemplo mais emblemático disso foi a mal denominada lei de Florestas Públicas, Lei 11.284, aprovada em 2006.

IHU On-Line – Quando Marina Silva era ministra do Meio Ambiente?

Elder Andrade de Paula – Sim, ela era ministra do Meio Ambiente. Essa lei colocou, sob o domínio efetivo das grandes corporações vinculadas à exploração e comércio mundial de madeira, a exploração de um potencial de 50 milhões de hectares na Amazônia. Aliado a isso foram criadas outras políticas estratégicas de exploração de madeira acobertadas por nomes bastante simpáticos, como Planos de Manejo Florestal Sustentável de Base Comunitária. No Acre existem licenciamentos para 23 mil hectares, e a proposta de governo no período de 2010 a 2014 é ampliar para 280 mil hectares. O Manejo Comunitário é muito enganoso, porque não há nada de comunitário. As comunidades só veem as madeiras mais valiosas saírem de suas áreas, sem ter qualquer participação nisso, porque o processo de exploração da madeira é mecanizado. As empresas compram a madeira e atuam com outras que são subsidiárias para fazer o corte e o transporte.

Para você ter uma ideia, as famílias que trabalhavam na floresta Estadual do Antimary, que é a primeira unidade de experimentação no dito Manejo Florestal Sustentável, recebiam em média 800 reais mensais. O metro cúbico de madeira certificada no município de Rio Branco custa 600 reais. Então se você considerar que dessas unidades saem, no mínimo, 30 metros cúbicos de madeira por mês, é possível ter uma ideia de qual é o resultado prático disso. O resultado econômico dessa atividade novamente se concentra fora da região, com a participação do poder oligárquico, que se beneficia. Isso gera um estrangulamento na cidade, porque marcenarias que compravam madeira em torno de 400 reais o metro cúbico, hoje encontram o metro cúbico a 600 reais.

IHU On-Line – Além da exploração madeireira e da expansão da pecuária, quais são os indícios de desenvolvimento insustentável na Amazônia Ocidental?

Elder Andrade de Paula – Agravam-se os conflitos por causa da propriedade da terra. O Caderno de Conflitos da Comissão Pastoral da Terra — CPT mostra claramente a linha de conflitos nessas áreas em que a madeira é explorada pelo plano de manejo. Essas atividades se integram ao processo de retomada do ciclo extrativista na América Latina. Além da madeira, da expansão da pecuária e do monocultivo, também está prevista a exploração de gás e petróleo no Parque Nacional da Serra do Divisor e a possibilidade de exploração de gás de xisto, que é destrutiva ambientalmente.

IHU On-Line – Qual é o destino dessa madeira?

Elder Andrade de Paula – Os laminados são destinados ao Centro-Sul, mas, do total da madeira explorada, 35% se destina ao mercado externo e algo como 40 ou 50% é destinado ao Sudeste e Centro-Sul. Pouco fica no Acre. Essa atividade é fortemente subsidiada com isenção fiscal. Então as populações deixam de se beneficiar porque o Estado financia grandes empresas.

IHU On-Line – O senhor diz que as linhas de crédito no Acre servem para articular as economias que chama de marrom e verde. Pode explicar esse panorama? Quais são essas linhas e o que denomina de economia marrom e verde?

Elder Andrade de Paula – Os incentivos para a produção são oferecidos através de linhas de crédito do governo federal. A indústria madeireira também é financiada pelo BNDES. Em Xapuri, o BNDES financiou 60 milhões para a construção de uma indústria. Construiu o prédio, comprou as máquinas para operar, e depois o governo entregou a empresa na forma de concessão para a exploração privada. Além de essa indústria operar em uma instalação com maquinários adquiridos com recursos públicos via BNDES, ela também está comprando madeira de unidades que são de domínio público.

O governo estadual também financia a infraestrutura no fornecimento de energia, de construção de infraestrutura de transportes, como é o caso da estrada que liga Rio Branco a Cruzeiro do Sul, a qual foi financiada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento. As madeireiras e grandes fazendas dedicadas à exploração pecuária também recebem um alento a mais por conservarem algumas áreas, através de algo chamado de Mercado de Crédito de Carbono.

IHU On-Line – Que aspectos devem ser considerados no debate regional sobre sustentabilidade? Em que consistiria uma política pública eficiente para garantir a sustentabilidade regional da Amazônia?

Elder Andrade de Paula - Algumas coisas são fundamentais. A primeira é fazer com que os sujeitos sociais mais interessados em reverter esse processo tenham maior poder de voz no sentido de propor e implementar outras políticas. Não estou tentando reinventar nada, estou lembrando o que aconteceu na década de 1980, quando os movimentos sociais reativos se interpuseram ao processo de expansão predatória e propuseram alternativas consideradas por eles mais adequadas ao seu modo de vida e às suas aspirações, como foi o caso das reservas ativistas. Nos últimos 20 anos, houve uma tentativa de aniquilação do poder de pressão dessas comunidades camponesas, dos povos indígenas e suas representações no sentido de amordaçá-los e fazer com que não se constituíssem obstáculos nesse conjunto de políticas.

O ponto essencial é que essas representações, esses movimentos, reconquistem uma autonomia suficiente para que sua voz seja ouvida e não seja mais representada por terceiros, sejam eles partidos políticos, grandes organizações não governamentais, etc.

O segundo aspecto é retomar parte daquilo que indicaram, já nos anos 1980, como essencial para fazer com que essa região não seja destruída. Ou seja, criar as condições de vida adequadas aos povos que vivem em seus territórios, ofertando a eles condições de vida decentes, com financiamento subsidiando a produção, valorizando uma gama enorme de produtos existentes nas florestas, os quais podem ser usados sem destruí-las, como essências e ervas medicinais.

O problema fundamental é que o modelo de desenvolvimento em curso no Brasil está pautado no processo extensivo de apropriação permanente de territórios para o saque dos bens naturais, para alimentar o moinho satânico do capital. A solução definitiva para mudar esse cenário, não creio que possa ser dada nos marcos do capitalismo, pois o capitalismo é incompatível com o bem-estar social, com a conservação do meio ambiente.

IHU On-Line – Quais as implicações do uso do termo desenvolvimento sustentável?

Elder Andrade de Paula - O uso desse termo tem sido até hoje extremamente útil para ocultar aquilo que ele de fato produz: a insustentabilidade. Em um determinado momento do capitalismo, pensou-se que seria possível compatibilizar a conservação dos bens naturais com a lucratividade do capital. Essa crença foi alimentada pelo colapso do bloco socialista, quando o socialismo deixou de estar no horizonte. Pensou-se, então, que era no capitalismo que se deveriam resolver os problemas mais emergentes da civilização. E acreditou-se que o desenvolvimento sustentável era a saída, ou seja, em nome do desenvolvimento sustentável se construíram esses processos a que me referi até agora. Ocorre que o desenvolvimento sustentável acabou se convertendo em uma grande ideologia que oculta o seu processo destrutivo.

Na Rio+20 aconteceu um fato extraordinário: a economia verde apareceu como “cavalo de batalhas”, e o debate, que foi jogado com a expressão economia verde, teve na verdade a intenção de revigorar o desenvolvimento sustentável. A diferença é que a economia verde revela suas  intenções, enquanto o desenvolvimento sustentável as oculta. Então, criou-se uma falsa ideia, inclusive na Cúpula dos Povos, de que se teria de lutar contra a economia verde em favor do desenvolvimento sustentável. Essa é uma grande armadilha, porque o desenvolvimento sustentável, tal como preconizado pela matriz dominante no mundo, é veiculado às políticas do Banco Mundial. Ou seja, afirma explicitamente que só é sustentável aquilo que traz resultado econômico. Então são os resultados econômicos que comandam as políticas de estratégias. O restante é, novamente, política secundária, de assistência social, de mitigação de meio ambiente.

Há ainda uma ofensiva monumental aos bens da natureza com uma intensificação que se chama hoje financeirização, apresentada nesses mecanismos de pagamentos de serviços ambientais, que transferem para o mercado financeiro o controle de vastos territórios na forma de contratos como o REED.

O cenário atual da Amazônia hoje é muito mais grave do que foi no período do estado desenvolvimentista comandado pela ditadura militar. À época, as formas destrutivas eram visíveis; agora, boa parte das formas destrutivas é tornada invisível. O que aparece nos meios de informação do país são notícias a respeito da expansão das queimadas, ou então os impactos de grandes projetos como o hidrelétrica de Belo Monte, a abertura de estradas, a exploração de gás e petróleo. Mas esse conjunto de atividades das quais me referi não aparece nos noticiários.

IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?

Elder Andrade de Paula – Existe a emergência de movimentos que estão lutando contra isso em toda a América Latina. O exemplo emblemático foi o caso de Cochabamba, em 2010, na Bolívia, com ampla participação das comunidades indígenas e camponesas. Foi um dos eventos mais importantes do século XXI, porque se contrapôs ao consenso estabelecido no âmbito da ONU com o dito desenvolvimento sustentável. Ele serve como horizonte maior para nós pensarmos nas lutas de resistência, que não podem se dar isoladamente.

(Ecodebate, 23/09/2013) publicado pela IHU On-line, parceira estratégica do EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

Fonte: EcoDebate

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Audiência pública lança relatório ‘Indústria do Petróleo e Conflitos Ambientais na Baia da Guanabara: o caso do Comperj’
A Plataforma Dhesca lançou, em audiência pública, o relatório “Indústria do Petróleo e Conflitos Ambientais na Baia da Guanabara: o caso do Comperj”, que denuncia os impactos a ecossistemas protegidos, as falhas em seu processo de licenciamento pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e os prejuízos a vida dos pescadores da região ocasionados pelo Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ), empreendimento da Petrobras.A audiência foi realizada na ALERJ, no dia 4 de setembro, convocada pelo deputado Marcelo Freixo (PSOL). A mesa foi composta pelos deputados Paulo Ramos (PDT) e Janira Rocha (PSOL), e pelo Subsecretário de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos Eloi Ferreira de Araújo. A Petrobrás e o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) foram convidados, mas não enviaram representantes.

Cristiane Faustino, relatora da missão “Indústria do Petróleo e Conflitos Ambientais na Baía de Guanabara,” que resultou no relatório, apresentou um resumo dos principais pontos da publicação. A relatora explicou que o objetivo da missão foi investigar as denúncias de violações de direitos causadas pela atividade petroleira na região da Baía de Guanabara. Fazem parte das denúncias: o descumprimento da legislação ambiental; os riscos e danos aos ecossistemas e à biodiversidade provocados ou agravados pelo COMPERJ; e as violações de direitos dos pescadores da região. “No Brasil, não é possível falar de direitos humanos sem pensar nas escolhas políticas influenciadas pelo desenvolvimento econômico. Assim, refletir sobre racismo ambiental e justiça ambiental é relevante para compreender tudo isso”, afirmou Cristiane.

Durante a apuração das denúncias, a relatoria encontrou problemas como a inadequada escolha do local e ameaças a ecossistemas protegidos; conflitos sobre a competência institucional do INEA; fragmentação do processo de licenciamento com ausência de avaliação ambiental estratégica e integrada. Sobre o processo de licenciamento, segundo a relatora, a fragmentação das licenças é muito prejudicial. “O INEA faz os licenciamentos sem levar em conta a interligação das obras do COMPERJ que tem um custo de 12,7 bilhões, explicou Cristina.

O mais agravante entre os resultados da investigação foi identificar as constantes ameaças à vida dos pescadores, defensores de direitos humanos. Cinco pessoas foram mortas e duas estão desaparecidas. As investigações sobre os crimes não foram concluídas e não há delegacia local. Após as ameaças e os crimes, a Associação Homens e Mulheres do Mar (AHOMAR), principal organização a denunciar as violações, teve que paralisar suas atividades. “Os pescadores também têm seus Amarildos. Já são cinco mortos e dois desaparecidos na Baía de Guanabara”, disse Alexandre Anderson, da AHOMAR. Alexandre está há 300 dias fora de casa com sua família pelas ameaças que recebe. Eles fazem parte do “Programa de Defensores de Direitos Humanos” da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Segundo algumas falas dos presentes na audiência, o programa tem problemas estruturais graves o que impossibilita seu bom funcionamento.

Com o objetivo de fortalecer a luta das populações atingidas pelos grandes empreendimentos a Fundação Heinrich Böll Brasil apoiou o relatório e o trabalho desenvolvido pela Plataforma DHESCA.

A Plataforma Dhesca

A Plataforma Dhesca Brasil é uma articulação nacional de 36 movimentos e organizações da sociedade civil que desenvolve ações de promoção, defesa e reparação dos Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (abreviados em Dhesca), visando o fortalecimento da cidadania e a radicalização da democracia. A plataforma busca contribuir para a construção e fortalecimento de uma cultura de direitos, incidindo na formulação, efetivação e controle de políticas públicas sociais. A articulação atua em três frentes: o Monitoramento em Direitos Humanos no Brasil; a Integração Regional e as Relatorias de Direitos Humanos.

• Baixe aqui o relatório na íntegra ou aqui sua versão resumida
• Conheça o site da Plataforma Dhesca Brasil (http://www.dhescbrasil.org.br)

Informe da Fundação Heinrich Böll Brasil, publicado pelo EcoDebate, 23/09/2013

Fonte: EcoDebate

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

‘Celebramos’ mais um Dia Mundial da Limpeza e a sujeira continua a mesma, por Henrique Cortez
[EcoDebate] No sábado, 21/9, foi “comemorado’ mais um Dia Mundial da Limpeza e, como sempre, voluntários dedicaram-se à limpeza de nossas praias.

O Dia Mundial da Limpeza faz parte de uma mobilização internacional, chamada Clean up the World (Limpe o Mundo, em português), que é promovida desde 1993, com o objetivo de incentivar comunidades a limpar e conservar o meio ambiente.

É uma ótima e necessária iniciativa, mas parece inútil porque, na realidade, o problema se perpetua e a sociedade pouco se importa com isto e em nada está disposta a mudar.

Recolher o próprio lixo ou descartá-lo no coletor mais próximo não é tão difícil e, no mínimo, é algo que qualquer um pode e deve fazer.

Pode e deve, mas não faz, a não ser sob coerção. É o caso do Programa Lixo Zero que reduziu em 46% quantidade de sujeira recolhida nas ruas do Rio, graças às multas.

Não foi diferente com o programa Lei Seca, que sob pesadas punições, conseguiu reduzir o irresponsável binômio álcool e direção. Algo que deveria ser natural, sob padrões mínimos de responsabilidade, só ‘vingou’ com a mão pesada da fiscalização.

Voltando ao lixo nas praias, ruas, etc., acredito que vários(as) dos(as) leitores(as) já passaram pela experiência de questionar um porcalhão e enfrentar uma reação perigosamente estúpida, mesmo quando o porcalhão estava diante da família.

Acho incompreensível esta atitude, do tipo o mundo que se exploda, que pouco ou nada se preocupa com o coletivo, com os direitos de todos.

Existem variações desta atitude em praticamente tudo, como indicam a imensa e ilógica quantidade de jipões, picapes e suv’s em nossas ruas; os que adoram som além dos limites em ‘prol’ do ensurdecimento coletivo; os egoístas, espertalhões e aproveitadores de todo tipo.

Em um planetinha limitado por definição e cada vez mais lotado de gente, o comportamento ‘Tô nem Aí’, apenas contribui para aumentar o desconforto e o estresse cada vez mais presente na vida de todos.

Poucas pessoas compreendem que a parte nunca é maior que o todo e, por isto, a maioria vive como se o planeta e o universo gravitassem em torno de seu umbigo, mesmo que isto prejudique a todos, inclusive ela mesma.

As crises (ambiental, social e econômica) estão se agravando e, sem padrões mínimos de civilidade, teremos ainda mais dificuldades pela frente.

E, como em tudo mais, teremos o futuro que fizermos por merecer.
Henrique Cortez, jornalista sub-editor da revista Cidadania & Meio Ambiente e coordenador editorial do Portal EcoDebate.
Fonte:  EcoDebate

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

‘Se a Saúde perder a capacidade de avaliar os tipos de agrotóxicos será um retrocesso brutal’, entrevista com Luiz Claudio Meirelles, ENSP/FIOCRUZ
Por Danielle Monteiro, da Agência Fiocruz de Notícias.

O uso de agrotóxicos é atualmente um dos mais importantes fatores de risco para a saúde da população e o meio ambiente no Brasil. O país é atualmente o maior consumidor mundial desses produtos. De acordo com dados da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), apesar de o Brasil não ser o maior produtor agrícola do mundo, o crescimento nacional do consumo de agrotóxicos chegou a quase 200% entre 2000 e 2009. As empresas produtoras de agroquímicos no país duplicaram desde 2008 e, nos últimos anos, o crescimento da importação dessas substâncias foi de quase 400%. O consumo de agrotóxicos é resultado da adoção de um modelo de agricultura chamado agronegócio, que é dependente do uso de venenos. Para falar sobre o assunto, a Agência FIOCRUZ de Notícias entrevistou o pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/FIOCRUZ), Luiz Claudio Meirelles.

O Brasil é atualmente o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Por que o uso dessas substâncias ocorre tão intensamente no país, se ele não é campeão mundial de produção agrícola?

Luiz Claudio Meirelles: O Brasil trabalha com monocultura extensiva que demanda muita utilização de agrotóxicos. Entretanto, sabemos que, mesmo com essa produção de monocultura extensiva de grão, é possível que o uso pudesse ser bem menor do que está implementado hoje. E existe uma estratégia bastante agressiva das empresas que atuam no Brasil para a venda desses produtos. A entrada dos transgênicos, da maneira como ocorreu, também aumentou o uso de alguns herbicidas que, anteriormente, tinham uso mais restrito nos períodos de plantio. Esses fatores são razões que fazem com que se use mais agrotóxico no Brasil do que em outros países, que têm um trabalho de manejo e de controle de pragas que comporta outros mecanismos de utilização de produtos. Atualmente o agronegócio é um financiamento brutal. Eles recebem muitos recursos para produzir da maneira convencional.

Ainda utilizamos agrotóxicos que já foram proibidos em outros países como Estados Unidos, Canadá e países europeus?

Meirelles: Sim. Na China, por exemplo, alguns desses produtos já foram proibidos e aqui ainda seguimos em uso. Antes de 2000, muitos agrotóxicos perigosos à saúde foram inseridos no mercado, e estão nele até hoje, precisando ser revisados. Esse procedimento não é fácil de executar, pois, muitas vezes, as empresas pressionam, através da pressão política ou de ações judiciais. É um processo muito longo, que pode levar anos. Desde 2008, durante meu período na ANVISA, estávamos reavaliando produtos antigos, colocando 14 deles em reavaliação. Metade foi concluído. Pedimos para retirar, por exemplo, os produtos paration metílico e forato do mercado. Os dois foram avaliados como neurotóxicos pela FIOCRUZ, implicando em grande risco à saúde humana. Mas, no entanto, continuam no mercado até hoje; e nada foi feito em relação a isso. Essa questão é importante e não pode ser negligenciada.

A União Europeia, os EUA, Japão e Austrália têm um sistema de avaliação que tem se antecipado a essas questões do risco toxicológico dessas substâncias, que foram proibidas. No Brasil, buscamos pautar, até mesmo porque a lei trata disso, quando existem alertas internacionais, e colocar esses produtos em reavaliação. O mecanismo de retirada de um agrotóxico do mercado brasileiro é somente pela reavaliação, pois não existe prazo de registro de uma substância. Uma vez que a empresa o consegue, ele é para sempre. A única maneira legal de se fazer a retirada desse produto do mercado é através de uma reavaliação toxicológica.

O que poderia ser feito em termos de políticas públicas para a redução do uso e consumo de agrotóxicos?
Meirelles: É preciso aprimorar, cada vez mais, os mecanismos de controle e de avaliação dessas substâncias, sendo necessário o fortalecimento de todo o procedimento de avaliação toxicológica do país, e que se aumentem as medidas de segurança e de proteção ao meio ambiente. A legislação brasileira é bastante rica e suficiente e é preciso que continuemos a defendê-la. Existem, hoje, determinadas forças no Brasil que desejam que a legislação ande para trás e que os mecanismos de controle dessas substâncias sejam reduzidos.

Do ponto de vista da agricultura, precisamos fortalecer as ações que mitigam o uso de agrotóxicos, como a implementação da agroecologia de maneira geral. Precisamos fortalecer as políticas de agroecologia, financiar os projetos nessa área. No caso da agricultura orgânica, é preciso dar financiamento, permitir mais recursos, ampliar a extensão rural com técnicos capacitados a orientar a produção sem a utilização de agrotóxicos. Por outro lado, é preciso conhecer melhor o que já existe de contaminação e o que pode estar ocorrendo em relação aos produtos que têm sido utilizados. O manejo das pragas novas no Brasil também pode diminuir em muito o uso de agrotóxicos.

Agrotóxico é veneno. Ele é sintetizado para matar pragas e pode matar seres humanos, além de contaminar o meio ambiente e provocar a morte de animais silvestres e domésticos. O primeiro aspecto a considerar é que as questões de saúde e ambiente têm de ser privilegiadas nessa discussão. No Brasil, se o setor de saúde perder a capacidade de avaliar esses tipos de produtos, será um retrocesso brutal. Não estou falando em pesquisa, mas sim em serviços de monitoramento, que deem conta do conhecimento sobre os níveis de contaminação em todo o país.

Por que o Brasil ainda hesita em adotar o modelo de base agroecológica? Ele não poderia ser também produtivo para o país?

Meirelles: No Brasil, existe um modelo agrícola que expulsa o homem da terra. O agricultor vai trabalhar em determinada área sem a menor condição de produzir. Ele não tem quem o ensine, nem equipamentos, que são muito caros, nem sementes variadas. Por isso, ele acaba saindo do campo e vindo para a cidade.  E mesmo em áreas onde havia um modelo mais equilibrado, ao estilo guatemalteco, vimos que ele se perdeu, pois foi substituído pelo agronegócio, que acaba comprando as terras dessas pessoas a preço de banana. Nosso modelo é excludente, concentrador de renda, de terras e dá lucro para quem é dono disso tudo e prejuízo para a sociedade em geral. Mexer nesse modelo exige coragem, determinação política e uma determinação maior da sociedade brasileira para que isso aconteça.

Quais são as lavouras que mais fazem uso de agrotóxicos no Brasil?

Meirelles: As grandes monoculturas, como soja, café, algodão, cana. No entanto, isso está sendo incentivado nas pequenas e médias culturas também, como morango, pimentão, mate, que consumimos in natura. Eles têm muito resíduo de agrotóxico.

A semente do algodão é usada para a fabricação de ração. Atualmente a incidência de câncer entre animais, principalmente gatos e cachorros, também tem crescido muito. É possível que esse crescimento esteja associado à ingestão de ração com agrotóxicos?

Meirelles: Sim, há possibilidade de que isso esteja associado ao uso de agrotóxicos na ração e também até de outros aditivos.

Além de câncer, que outras doenças o consumo de agrotóxicos pode causar?

Meirelles: As principais, além de câncer, são má formação, doenças neurológicas, problemas hormonais que causam outros desequilíbrios como câncer, e esterilidade.

Como se deve fazer a lavagem das frutas e legumes para a retirada de parte dos agrotóxicos?

Meirelles: Deve-se retirar a casca e lavar os alimentos com abundância. Vinagre e hipoclorito não retiram essas substâncias do alimento, somente matam os microrganismos. Outra solução é tentar consumir frutas da época, conhecer sua procedência e, se possível, consumir produtos orgânicos. Além disso, antes de tudo, a população deve seguir cobrando dos governos municipal, estadual e federal a retirada dos agrotóxicos perigosos à saúde do mercado.

Serviço

Além de fazer a lavagem das frutas, e legumes, o consumidor pode consultar os dados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA/ANVISA). No site é possível se informar sobre quais alimentos deve evitar.

Fonte: EcoDebate

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Quem se aflige com as águas do Cerrado? Artigo de Washington Novaes
Infográfico: AE

[O Estado de S.Paulo] Durante a Semana da Água, há poucos dias, a ONU lembrou que 2,4 bilhões de pessoas no mundo vivem sem saneamento. E cerca de 80% da “água residual” de assentamentos humanos ou fontes industriais é despejada sem tratamento e “contamina oceanos, lagos e rios”. Com o abastecimento e o saneamento inadequados, ocorre uma “perda econômica de US$ 260 bilhões em gastos com saúde e menor produtividade no trabalho”. Nesses mesmos dias, os jornais brasileiros informavam que uma das bacias mais importantes do Brasil – a do Rio Doce, em Minas Gerais e no Espírito Santo – sofre os impactos da degradação ambiental; sua vazão tende a tornar-se insuficiente para atender às atividades econômicas na região (Valor, 3/9), incluídas as de mineradoras e até hidrelétricas. No médio Rio Doce, a pecuária também está afetada, com pastagens que já não podem receber mais de meia cabeça de gado por hectare (já receberam uma média de quatro cabeças por hectare).

Certamente uma das razões da perda de vazão do rio estará no desmatamento de áreas do Cerrado e na perda da água acumulada no subsolo desse bioma. O desmatamento já chegou, em todo o Cerrado, a perto de 50% da área total. A compactação do solo resultante, assim como problemas na área do clima, levaram técnicos do Ministério do Meio Ambiente a estimar, há quase uma década, que o volume de água no subsolo – que antes gerava o fluxo de 14% das águas brasileiras que correm para as três grandes bacias (Amazônica, do São Francisco e do Paraná) e era suficiente para sete anos – caíra para três anos. E o desmatamento prossegue, inclusive com a política de ampliação da área de plantio da cana-de-açúcar.

Não é de estranhar, assim, o que acontece na bacia do Rio Doce, bem como na do São Francisco – retratadas com realismo pelo jornalista Marco Antônio T. Coelho em seus livros (Editoras Paz e Terra e Autêntica), comentados neste espaço -, onde a visão apenas economicista tem comandado a ocupação do território e causado a redução do fluxo dos afluentes também do São Francisco. Ainda há poucos dias o governo federal decidiu ligar as usinas termoelétricas nordestinas movidas pela queima de carvão, diesel e gás (as mais poluentes e caras), para “evitar a possibilidade de um apagão”. E, pode-se acrescentar, por causa do baixo nível de acumulação de água nos reservatórios das hidrelétricas, o menor nos últimos dez anos. Sobradinho e Três Marias, por exemplo, estão com apenas 36% de sua capacidade de armazenamento (O Globo, 4/9).

E tudo se pode agravar mais com o bilionário e ilógico projeto de transposição de águas do grande rio, que já custa mais que o dobro do inicialmente anunciado e ainda pode ir além – embora esteja longe da conclusão. Não bastasse, no projeto das cisternas de placa – eficientes para abastecer casas e pequenos povoados onde vivem milhões de pessoas e aonde não chegará a água a ser transposta -, elas estão sendo substituídas por cisternas de plástico. Estas, menos adequadas, custam muito mais caro. E uma licitação para instalar 187,5 mil delas em seis Estados, ao custo de quase R$ 600 milhões, está suspensa e sob investigação do Tribunal de Contas da União, por suspeita de favorecimento de empresas. O cálculo é de que serão necessárias mais 750 mil cisternas (remabrasil, 1.º/9).

Informações como essas dão peso a advertências do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, de que se pode agravar a escassez de água no mundo, principalmente se não aumentarem os esforços para a conservação da biodiversidade, pois esta depende da água e vice-versa (sem falar em clima e energia). E o Cerrado brasileiro comprova isso. O mais recente relatório mundial sobre a água, editado pela ONU, considera necessário um fundo de até US$ 19,2 bilhões para financiar projetos nessa área.

Não precisamos ir longe para confirmar tudo isso. Ainda há poucas semanas, por exemplo, o governo paulista assinou (Estado, 22/8) contrato de parceria público-privada para “construir o maior sistema de abastecimento desde o Alto Tietê, entregue em 1993″, destinado a atender ao oeste e ao sudoeste da Grande São Paulo. Com a implantação de áreas para captação, armazenamento e tratamento de água, o sistema, que trará água captada a 83 quilômetros de distância, atenderá a 1,5 milhão de pessoas – uma vez que está esgotada a possibilidade de ampliação em fontes mais próximas e em bacias nas quais já há conflitos pelo uso. Quanto custará essa água (4,7 mil litros por segundo, mais 7% em relação ao potencial efetivo de hoje, de 73 mil litros) trazida da região de Ibiúna, principalmente tendo de superar um desnível de 300 metros? Quanto em energia para elevá-la? O investimento previsto será de R$ 2,21 bilhões. E quanto custará mais água no futuro, se tiver de ser trazida do Vale do Ribeira, muito mais longe e tendo de superar desnível bem maior? A previsão é de que o consumo aumente 40% (mais 30 mil litros por segundo) até 2035.

Ainda será preciso avaliar com cuidado o caminho da privatização nesse setor, que foi alvo de muitas críticas no recente Fórum Mundial de Meio Ambiente, promovido em Foz do Iguaçu pelo Lide – Grupo de Líderes Empresariais (www.cdn.com.br). Uma das vozes mais contundentes foi a do norte-americano Robert F. Kennedy Jr. – filho do ex-senador Robert F. Kennedy e sobrinho do presidente John F. Kennedy -, que citou exemplos de privatizações problemáticas, como as de Cochabamba, na Bolívia, e a privatização de todo o abastecimento de água no Chile.

Não é preciso desmatar nenhum hectare mais no Cerrado. Em Goiás, o governo estadual tem reiterado que um dos caminhos é recuperar mais de 50% das pastagens naturais goianas, que estão degradadas e mal comportam uma cabeça de gado por hectare. Mas o desmatamento do Cerrado prossegue em todo o Centro-Oeste, no Tocantins, no Maranhão, no Piauí e, em nível alarmante, no oeste da Bahia. Para plantar cana e soja. E fornecer lenha a siderúrgicas – como em Minas Gerais.

*Washington Novaes é jornalista. E-mail: wlrnovaes@uol.com.br

Artigo publicado originalmente em O Estado de S.Paulo

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Empresa cria prato contra desperdício de comida

Cerca de 20% da comida preparada no mundo é jogada fora todos os dias. Apenas no Brasil, são 39 mil toneladas diariamente, valor que alimentaria aproximadamente 19 milhões de brasileiros que passam fome. Tentando alertar para esse problema e resolver o desperdício de alimentos, a empresa Eco Benefícios criou um prato com 20% menos de espaço.

A campanha, que circula nas redes sociais, pode ser vista no vídeo abaixo e foi testada em algumas praças de alimentação, surpreendendo os consumidores. Quanto menos espaço, menos desperdício e mais comida compartilhada.

Assista e dê sua opinião:

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Desperdício de alimento no mundo é 3º maior emissor de CO2, diz ONU
A comida desperdiçada no mundo responde por mais emissões de gases causadores de efeito estufa do que qualquer país, exceto China e Estados Unidos, disse a ONU em um relatório divulgado nesta quarta-feira.

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Todos os anos, cerca de um terço de todos os alimentos para consumo humano, aproximadamente de 1,3 bilhão de toneladas, é desperdiçado, juntamente com toda a energia, água e produtos químicos necessários para produzi-la e descartá-la.

Quase 30 por cento das terras agrícolas do mundo, e um volume de água equivalente à vazão anual do rio Volga, são usadas em vão.

No seu relatório intitulado "A Pegada do Desperdício Alimentar", a Organização das Nações Unidas para Agricultura e a Alimentação (FAO) estima que a emissão de carbono dos alimentos desperdiçados equivale a 3,3 bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano.

Se fosse um país, seria o terceiro maior emissor do mundo, depois da China e dos Estados Unidos, sugerindo que um uso mais eficiente dos alimentos poderia contribuir substancialmente para os esforços globais para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e diminuir o aquecimento global.

No mundo industrializado, a maior parte do lixo vem de consumidores que compram muito e jogam fora o que não comem. Nos países em desenvolvimento, a causa principal é a agricultura ineficiente e falta de instalações de armazenamento adequadas.

"A redução de desperdício de alimentos não só evitaria a pressão sobre recursos naturais escassos, mas também diminuiria a necessidade de aumentar a produção de alimentos em 60 por cento, a fim de atender a demanda da população em 2050", diz a FAO.

A organização sugere que se melhore a comunicação entre produtores e consumidores para gerenciar a cadeia de suprimentos de forma mais eficiente, bem como investir mais na colheita, resfriamento e métodos de embalagem.

A FAO também disse que os consumidores no mundo desenvolvido devem ser encorajados a servir pequenas porções e fazer mais uso das sobras. As empresas devem dar comida excedente para instituições de caridade, e desenvolver alternativas para o despejo de resíduos orgânicos em aterros sanitários.

A FAO estima o custo do desperdício de alimentos, excluindo os peixes e frutos do mar, em cerca de 750 bilhões de dólares por ano, com base em preços de produção.

O desperdício de alimentos consome cerca de 250 quilômetros cúbicos de água e ocupa cerca de 1,4 bilhão de hectares- grande parte de hábitat natural transformado para tornar-se arável.

(Reportagem de Catherine Hornby)

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

LUTO leopardo-nebuloso
É uma grande lástima a perda de uma espécie de animal que levou anos de evolução para atingir um grau elevado de complexidade. O leopardo-nebuloso ( Neofelis nebulosa ) foi considerado extinto em Taiwan pelos zoólogos que trabalharam durante anos em sua busca. 

A extinção do leopardo revela problemas globais, a caça ilegal com intuito de obter a pele e a destruição do seu.
 “Uma parte do mundo morre. E com esta parte, recentemente declarada extinta, um pouco de cada um de nós também se vai, sem exceção. Descanse em paz, Leopardo Nublado”.
Por: Zoológico Virtual

Mais informação: http://migre.me/fZtu1
Globo rural: http://migre.me/g0kOU

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Pesquisadores da USP apresentam mapa da poluição no mundo
A exposição a poluentes vai se tornar a principal causa ambiental de morte prematura até 2050.

Em um artigo publicado em agosto na revista Nature Reviews Cancer, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) apresentam um mapa da poluição atmosférica no mundo e mostram que os países com piores índices de qualidade do ar são justamente aqueles com menor produção científica sobre o tema.

Na avaliação de Lais Fajersztajn, autora principal da pesquisa realizada com apoio da Fapesp, os resultados indicam que a ciência é uma ferramenta importante para mudar esse cenário e precisa ser fortalecida nos países em desenvolvimento por meio de colaborações internacionais. “Quanto mais conhecimento houver e melhor ele for divulgado, mais chances teremos de lidar com o problema”, disse.

Para fazer a comparação, os pesquisadores cruzaram os dados sobre densidade populacional e poluição atmosférica disponíveis no site do Banco Mundial com a base de dados Web of Science, índice de citações online mantido pela Thomson Reuters.

Enquanto países desenvolvidos como Estados Unidos, Canadá e a maior parte dos europeus apresentaram os índices mais baixos de poluição (entre 5 e 20 microgramas de material particulado inalável por metro cúbico de ar, μg/m3), as nações em desenvolvimento – concentradas principalmente na América do Sul, norte da África e regiões próximas à Índia e à China – ficaram nas faixas mais altas (entre 71 e 142 μg/m3). A recomendação da Organização Mundial da Saúde para este poluente são valores abaixo de 20 μ/m3.
“Vale dizer que os dados ainda são subestimados, pois consideram regiões muito grandes e diversas. O Brasil, por exemplo, está na mesma faixa dos Estados Unidos, que é a mais baixa. Mas é uma média de todo o país, que tem lugares muito poluídos e outros pouco poluídos”, afirmou Fajersztajn.

Já o levantamento na base da Web of Science mostrou que as pesquisas relacionadas ao impacto da poluição do ar na saúde estão concentradas principalmente na América do Norte e Europa, seguidas por China, Austrália, Brasil e Japão. É praticamente inexistente na África, na Índia e nos demais países da América do Sul. Segundo os autores, os países em desenvolvimento contribuíram com apenas 5% das pesquisas já realizadas sobre o tema.

“Alguém poderia argumentar que alguns desses países são tão pobres e têm tantos problemas que não teriam condições de produzir conhecimento científico sobre qualquer assunto. Então, para comparar, buscamos também as pesquisas publicadas sobre malária e sobre qualidade da água”, contou Fajersztajn.

Também nesses dois campos de estudo os Estados Unidos e a Europa se destacam, mas os resultados mostram que 20% das pesquisas sobre qualidade da água e 70% dos estudos sobre malária foram feitos nos países em desenvolvimento.

Paradoxalmente, ressaltam os pesquisadores no artigo, o número de mortes prematuras causadas pela poluição atmosférica tende a superar o de mortes por malária e por falta de saneamento básico nos próximos anos. Segundo estimativa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a exposição a poluentes vai se tornar a principal causa ambiental de morte prematura até 2050.

“Ninguém é contra desenvolver uma vacina ou um novo medicamento contra malária, mas buscar solução para reduzir a poluição envolve interesses econômicos e mudanças de comportamento, como leis mais restritivas ao uso de carros. É um desafio muito grande e, portanto, a ciência precisa ser fortalecida nos países em desenvolvimento”, disse Fajersztajn.
Veja aqui as principais doenças que estão relacionadas à poluição reunidas pelo estudo.
Karina Toledo – Agência Fapesp

FONTE: CICLOVIVO

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

HAND TALK

Aplicativo traduz textos, sons e imagens para língua de sinais
Criado por três jovens alagoanos, o aplicativo Hand Talk (Mãos que Falam) vai permitir a inclusão de deficientes auditivos na Feira do Empreendedor, que será realizada entre os dias nove e 12 de outubro em Maceió, Alagoas. A partir de uma biblioteca de animação, programada com mais de 300 palavras e do personagem Hugo, o sistema traduz textos, sons e imagens para a linguagem de libras.

Em fevereiro de 2013, o Hand Talk foi o vencedor do prêmio WSA-Mobile, na categoria Inclusão Social, promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU), em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. A ideia surgiu em 2008, em um trabalho de faculdade. No entanto, somente em 2012, os sócios Ronaldo Tenório, Carlos Wanderlan e Thadeu Luz deram continuidade e inscreveram o projeto num evento alagoano de startups, onde conseguiram investidores.

“O Hand Talk surgiu com a intenção de aliar a tecnologia ao processo de inclusão social dos deficientes auditivos em áreas como educação, trabalho, lazer e qualquer atividade do dia a dia”, explica Carlos Wanderlan. Durante a Feira do Empreendedor 2013, a Hand Talk também apresentará seus outros produtos e lançará outra ferramenta de tradução, que converte conteúdos de sites para Libras, em tempo real, por meio de um simples clique.

Para Fátima Santos, gerente da Unidade de Acesso a Mercado do Sebrae em Alagoas, a participação da empresa se encaixa no quesito inovação e agrega valor ao evento. “A parceria com a Hand Talk vem permitir que nos comuniquemos melhor com um público que também pode ter interesse em abrir seu próprio negócio e que muitas vezes enfrenta dificuldades que vão além daquelas normais de todos que abrem uma empresa: a falta de acessibilidade", afirma ela.

O empresário Ronaldo Tenório, um dos sócios da Hand Talk, afirma que a participação do personagem na feira é uma forma de introduzi-lo no universo dos pequenos negócios e criar novas demandas. “Nosso principal objetivo é que cada vez mais pessoas se beneficiem da tradução do aplicativo. Quanto mais negócios utilizando esse serviço, melhor para a comunidade de deficientes auditivos. Queremos difundir em grande escala as soluções para os empreendedores que farão parte desse grande evento”, explicou Ronaldo. O aplicativo está disponível na App Store e Google play, baixe aqui.

Veja abaixo como funciona o Hand Talk: 
Fonte: CICLOVIVO

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Dia da Amazônia – O desafio de preservar o bioma
A Amazônia é e a maior reserva natural do planeta.

Comemorada no dia 5 de setembro, a Amazônia é um dos patrimônios naturais mais valiosos de toda a humanidade e a maior reserva natural do planeta. Com sete milhões de quilômetros quadrados, sendo cinco milhões e meio de florestas, o bioma é fundamental para o equilíbrio ambiental e climático do planeta e a conservação dos recursos hídricos.

“O Dia da Amazônia é um dia de celebração”, ressalta a secretária geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Brito. “Nós temos conhecimento sobre os problemas e desafios do bioma, mas muito mais sobre as ferramentas que precisamos para vencê-los e quais os resultados que devemos atingir. Nosso trabalho tem se pautado na proposição de uma agenda positiva para o desenvolvimento sustentável do bioma”, avalia.

Apesar de sua incalculável importância ambiental para o planeta, – como o habitat de inúmeras espécies animais, vegetais e arbóreas, e como fonte de matérias-primas alimentares, florestais, medicinais e minerais -, a Amazônia tem sido constantemente ameaçada por inúmeras atividades predatórias, entre elas a extração de madeira, a mineração, as obras de infraestrutura e a conversão da floresta em áreas para pasto e agricultura.
Para o coordenador do Programa Amazônia da organização, Marco Lentini, é fundamental informar à sociedade sobre as principais ameaças à biodiversidade da Amazônia e sensibilizá-la para a necessidade do desenvolvimento de uma economia verde para a região. “É importante conectar a conservação das florestas com seu uso sustentável, utilizando cada área de acordo com a sua vocação. Também queremos engajar as pessoas para que exerçam seu papel de cobrar e propor soluções positivas e sustentáveis para o bioma”, afirma.
O WWF-Brasil listou alguns dos temas atuais mais prioritários e urgentes, entre ameaças, desafios e oportunidades, que afetam ou contribuem com a preservação da Amazônia e de seus habitantes:
- Manejo florestal e a valorização do uso das florestas
- Unidades de conservação
- Geração de energia
- Grandes empreendimentos
- Desmatamento e degradação florestal
- Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA)
- Mineração
- Pecuária
Veja aqui o trabalho que o WWF-Brasil tem feito para reduzir o impacto em cada um dos itens acima. 

Fonte: CICLOVIVO