terça-feira, 7 de maio de 2013

Desmatamento pode estar em alta na Amazônia 
GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO 

O desmatamento na Amazônia, que em 2012 chegou ao seu menor índice histórico, pode estar voltando a subir. 

Por enquanto, os dados são preliminares, os chamados alertas de desmatamento, mas a tendência de alta já preocupa os ambientalistas. 

O sistema Deter do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) identificou 1.695 quilômetros quadrados de áreas possivelmente desmatadas ou degradadas entre 1º de agosto de 2012 e 28 de fevereiro de 2013. 

Isso representa um aumento de 26% em relação ao mesmo período do ano anterior. 

Apesar de confiáveis, esses dados ainda não são definitivos. O sistema Deter tem uma série de limitações, como a existência de pontos cegos quando há presença de muitas nuvens sobre a floresta. 
Por isso, os cientistas dizem que as comparações entre um mês e outro não são precisas. Mesmo assim, já há uma sensação de alerta. 
"Ainda não é possível dizer se houve aumento no desmatamento. Os dados do Deter incluem também a degradação, que pode não se concretizar em desmatamento", explica Dalton Valeriano, pesquisador do INPE. 

Segundo ele, a alta nos alertas foi em parte causada pelo mês de agosto com uma grande quantidade de queimadas --ligadas à exploração humana--, que puxaram os números para cima. 
"Nos outros meses, a situação não foi tão diferente." 

O Mato Grosso (734 km2) liderou a lista de possíveis danos à floresta, seguido pelo Pará (428 km2) e por Rondônia (270 km2). 

O INPE tem outro sistema de monitoramento via satélite, o PRODES, que mede o número consolidado do desmatamento. Esses dados, porém, ainda não estão prontos. 

Com a divulgação dos números, o Ibama diz que está intensificando a fiscalização. 

O órgão destaca a quantidade de madeira e materiais apreendidos. Pela primeira vez, o instituto fiscalizou a retirada de madeira de forma intensiva durante o período de chuvas. 

Só em fevereiro, o Ibama apreendeu R$ 15 milhões em toras de madeira ilegais. 

Batizada de Onda Verde, a operação apreendeu, em apenas um mês de fiscalização no Oeste do Pará, a mesma quantidade de madeira irregular identificada no Estado inteiro em 2012. 

REPERCUSSÃO 

O IMAZON (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia), que tem sistema próprio de monitoramento da floresta, já havia identificado uma tendência de alta nos últimos seis meses. 

"Ainda não podemos dizer que é um aumento do desmatamento, mas já é preciso ficar atento. O que preocupante é que estamos entrando no período de seca, em que o desmatamento tradicionalmente sobe. Se os alertas já foram altos para o período de chuvas, é possível que eles subam ainda mais", avalia Heron Martins, do IMAZON. 

O Greenpeace mandou um comunicado sobre o desmatamento para sua base de apoiadores e cobrou uma atitude para frear o avanço. 

Entre os motivos principais apontados para a alta está a contínua pressão para a pecuária na região, além da intensificação da ocupação das redondezas da BR-163 e da Transamazônica, no Pará. 

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